Wednesday, December 9, 2009

POESIA: Visão da Seca


Por José Cícero
In Minhas Metáforas Cotidianas (Inédito)

Cacimba vazia
Na caatinga seca.
Catemba de coco
jogada,
no lixo do monturo
com a boca pra cima
esperando chuvas

no canto da cerca.

Cacão de fogo...
Três potes com sede.
Galo campina,
catando cascalho
no riacho esturricado
e nas veredas,
que vão dá pro cemitério;
lotado de covas rasas.
Crianças inocentes,
sementes
plantadas
que nunca irão nascer.

Bicho esquisito.
Pássaro noturno
agourento,
arranchado na cumeeira
da velha casa,
abandonada.
Sombra fresca da aroeira.
e do joazeiro verde,
desafiando a mata branca.
Seca.
Mijo das vacas,
raras goteiras.

Rasga mortalha
na torre da igreja.
Zombando dos homens
e das mulheres
rezadeiras
de barriga cheia.
sementes
prestes a nascer
sonhos de águas.
represadas.
pela vida inteira.

Aridez dos rios.
Riachos medonhos.
Antigos lagos,
chão batido.
Cachorros magros,
assim como os homens.
Resmungos
e latidos.
Barro rachado.
Veios morridos.
Levadas dos brejos .
piabas dos rios
em que nossas lembranças
Ainda hoje,
como crianças
Sem medo.
Pulam 'bunda canastra'
e tomam banho.
Ilustração/fotos:
http://www.dialogosuniversitarios.com.br

1 comment:

  1. A seca não é problema. É solução. Quando os políticos trabalharem de verdade para o seu povo com honestidade e ética a seca terá solução e o fim da miséria no campo e cidade.
    O homem é fruto do meio em que vive. Portanto, o sertanejo tem que está preparado com outras alternativas de desenvolvimento para a região do semi árido.

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