Com o súbito desencarne do escritor português José Saramago não foi diferente. A notícia da morte do autor de O Evangelho Segundo Jesus Cristo; As Memórias do Covento; Ensaio sobre a cegueira dentre outas obras nesta sexta-feira(18) pegou-me de surpresa.
Todavia, é forçoso dizer, que para os verdadeiros cristãos(quer sejam modernos ou não), a perda de qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, a princípio, tinha que ser lamentada. Isso não é exagero e, tampouco metáforas linguísticas. Esta assertiva serve-nos apenas para tentar demonstrar a priori a face humana e solidária na sua mais autêntica concretude. Ainda, como que papel este sentimento holístico e solidário poderia desempenhar na vida das pessoas, bem como nas suas relações sociais nesta época de tanto caos, miséria e contradições.
Mas, infelizmente, este sentimento é algo que, a cada dia que passa, parece cair no mais evidente desuso no nosso cotidiano. Como se a vida humana não expressasse, sequer, o mais reles dos valores terrenos.
Porém, direi que, ao meu juízo pelos menos as grandes figuras da humanidade ainda possam mexer com este antigo sentimento da solidariedade há muito presente na civilização humana.
De algum modo, a morte do grande literato português levou-me a tanger estas reflexões interiores quando me dispus a imaginar para comigo mesmo, o que poderia representar para os que são igualmente entusiastas da literatura, o desaparecimento do Saramago.
No fundo, este sentimento de tristeza foi mais incisivo do que qualquer palavra. A reflexão acerca do fatídico existencial foi mais lancinante do que qualquer pensamento psicológico acerca deste fato.
O fim material de José Saramago é uma dor a nos tocar a alma atnto quanto o espírito. Posto que a saudade é uma dor das mais incuráveis e que por sua vez, quase nunca aprendemos a conviver de bom grando com ela.
Foi assim. Está sendo assim com o falecimento do velho romancista lusitano. O único escritor de língua portuguesa que conseguira abiscoitar o difícil prêmio Nobel de literatura no ano de 1998.
Encarar de novo agora seus livros na minha estante foi algo que me pareceu estranho e diferente. Uma sensação sofrível e inusitada, carregada de lembranças, como se um dia quando os li, também tivesse dialogado com ele(Saramago) por entre as histórias marcantes dos seus romances antológicos e inesquecíveis.
Um escritor que viveu como pensou a sua vida inteira. Um rebelde das idéias e do pensamento revolucionário que o projetara muito além do seu tempo.
Um escritor que soubera como nenhum outro falar e expressar com as cores da verdade os sentimentos de todos as nações de língua portuguesa. Por isso foi e o será para sempre inconfundível e insuperável. Saranago agora é mais uma das minhas saudades....
Com a sua morte, aos 87 anos diríamos que não apenas os portugueses do mundo, mas o planeta inteira ficara mais pobre de expressão, sentimentalismo, poética e convicções.
O mundo ficara mais miserável naquilo que mais o elevaria: o conhecimento, como o caminho para o crescimento solidário e intelectual do gênero humano. Afinal, não será possível à civilização do agora e do futuro viver bem e harmonicamente, sem pensar e vivenciar as grandes idéias e pensamentos dos que conseguiram enxergar longe, como assim pensou extraordinariamente José Saramago. Sem ele, tudo fica mais caótico.
Enfim, sem José Saramago, ficamos como que solitários e vazios de nós mesmos, justamente naquilo que mais nos impulsiona a seguir em frente, na busca de um mundo melhor e diferente: a capacidade de sonhar e de acreditar nas nossas utopias. A motivação de sermos felizes.
Mas, malgrado a realidade da perda, ainda é possível acreditarmos pelos menos na certeza de que as idéias de Saramago ainda permanecerão alimentando pelos anos afora, as cabeças e os corações de muitos que, como ele, possuem a mente aberta para aceitar o novo, o diferente, o que nem sempre pode ser normal.
Viva Saramago! Porque Saramago viverá para sempre nos que nunca perderão a capacidade de sonhar, se indignar, ousar e ser feliz.
Afinal de contas, nunca se mata uma idéia, tão somente porque as boas idéias permanecem para sempre.
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